Uma raiz chamada Open Banking

Uma raiz chamada Open Banking

Sob a promessa de derrubar o corporativismo e as normas rígidas que permeiam o mundo bancário, o Open Banking chega ao Brasil. Previsto para ser implementado no decorrer de 2021, esse sistema promete mudar a forma que os usuários lidam com as instituições bancárias.

A implementação do Open Banking no Brasil foi dividida pelo Banco Central (BACEN) em 4 fases, sendo que na primeira – iniciada em fevereiro de 2021 - as instituições financeiras compartilharam entre si, sob a supervisão do BACEN, suas prateleiras de produtos, serviços e taxas disponíveis. Também conhecida como Open Data, nesta primeira etapa, não há qualquer envolvimento por parte do consumidor.

A 4ª e última fase do processo, está prevista para ocorrer em dezembro de 2021. De acordo com um levantamento veiculado pela revista Valor Investe e realizado pela FCamara, empresa especializada em soluções digitais, a expectativa é que 5 milhões de brasileiros venham a aderir a esse novo sistema bancário nos próximos 12 meses.

Mais garra, menos cautela

Eyal Sivan, Head of Open Banking pela Axway e apresentador do podcast Mr. Open Banking, afirma que os bancos e instituições canadenses tendem a ser mais cautelosos quando tratam a respeito de grandes mudanças. No entanto, quando o assunto é o Brasil, ‘cautela’ talvez não seja a palavra mais adequada. Na opinião do Mr. Open Banking, o país possui “eagerness”, que – no contexto proposto – a tradução mais adequada seria “garra”.

“Não houve um banco com o qual falei através da Axway que reagiu da maneira como vi os bancos canadenses reagirem. Todos os bancos estão ansiosos para implementar o Open Banking, estão entusiasmados com as oportunidades que esse sistema aberto apresenta”, conta Eyal.

Porém, mais do que força de vontade, as instituições brasileiras já iniciaram a sua jornada no mundo digital com a chegada das Fintechs e dos Neobancos, como, por exemplo, o Nubank. De acordo com matéria veiculada pela Forbes, apesar de não confirmar seu valor de mercado, estima-se que o Nubank esteja valendo cerca de $25 bilhões de dólares, o que coloca a instituição entre às cinco mais valiosas da América Latina.

Apesar de brasileiros e candenses serem povos muito digitais, Eyal conta que não existe uma instituição como o Nubank por lá. Assim sendo, apesar de cautela ser um bom ingrediente, quando o assunto é Open Banking, o especialista opina que o país está atrasado neste departamento: “Não existe um Nubank canadense”.

Benefícios da implementação do Open Banking

Apesar de se falar muito sobre seus benefícios, Eyal Sivan afirma que ainda não houve tempo hábil – em nenhum país do mundo – para o surgimento de casos bem sucedidos da implementação do Open Banking. “Eu não acho que será da noite para o dia que teremos esse enorme sucesso. Acho que estamos construindo algo que é realmente a base fundamental para algo muito maior”, afirma o especialista.

A ideia que precisa ser extraída com a chegada do Open Banking, se inicia no significado de ‘Open’. Em seu sentido literal, a palavra significa ‘aberto’ e quando aplicado a esse novo sistema bancário, significa que a abertura de padrões financeiros. Assim sendo, o Open Banking torna-se apenas uma raiz de uma árvore muito maior chamada sistema financeiro.

“A única maneira daquela semente plantada crescer para ser essa raiz forte que irá crescer em uma árvore, é se esta for baseada em um padrão aberto”, Eyal afirma que é preciso ser estabelecido um padrão de tecnologia e regras que ninguém possui e a partir do qual ninguém está lucrando e que alimenta toda a árvore. “Ninguém pode capturar essa raiz porque não ela não está concentrada nas mãos de alguém. Está aberta. É assim que a Internet funciona. É por isso que a Internet funciona, ninguém possui o HTTP”.

O maior benefício na adoção do open banking é o estabelecimento de regras e padrões para qualquer ator do ecossistema financeiro. Eyal afirma que o estabelecimento de padrões irá permitir que as empresas se organizem e construam uma base de ferramentas financeiras de alta qualidade. Na opinião do expert em Open Banking, o país que não adotar esse novo sistema financeiro, irá se deparar com ferramentas financeiras de última geração sendo trazidas e apresentadas aos consumidores por outras regiões e países.

“Você já está começando a ver empresas como Ant Financial, que fez recentemente um famoso IPO, começando a exportar seus produtos e começar a chegar aos mercados não chineses. O Open Banking vai acelerar esse processo. Então, regiões que não adotam isso realmente estão se colocando em risco”, afirma Eyal.

 

Pensando nas várias mudanças e possibilidades que surgem a partir da discussão sobre o Open Banking, a Prensa convida todos a participarem do Open Finance Conference 2021. O evento irá abordar o novo sistema financeiro aberto, contando com a participação de profissionais de tecnologia, empresários, usuários e reguladores, dando ao público uma visão 360º sobre o projeto que acabou de entrar em sua primeira fase de implementação!


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