Alda e Bette - As criaturas da floresta (Capítulo 2)

Alda e Bette - As criaturas da floresta (Capítulo 2)
DreamStudio - I. A

Paralisadas encarando o que poderia ser uma morte iminente, uma frase, 4 segundos, uma eternidade em minha mente, o medo se instalando em meu ser se espalhando pela coluna me fazendo ficar imóvel por alguns segundos, o que poderia acontecer agora? Por que esta incerteza está rondando minha mente? Uma memória soou como o estalar de dedos, a resposta, “nos acharam”, “estão por toda a floresta”, ela estava se referindo a isso, o que vocês são? Retornei para meu corpo quando senti a mão da minha irmã segurar a minha, ela estava apertando forte e sua mão estava fria, ela estava com medo.

 

— Olá meninas, o que fazem sozinhas aqui na floresta?

— Estamos indo até a caixa de correio no final da trilha — Respondeu Alda o encarando fixamente.

— Não sabia que existia algo assim por aqui, esta floresta é muito grande — O homem fino respondeu ainda mantendo o seu sorriso.

— O que uma pessoa como você faz por aqui? Não sabe que pode se perder? 

— Hmm… Interessante — ele dobrou seus joelhos até que sua cabeça estivesse em uma altura próxima da minha — A floresta sempre sabe onde você vai, mantenha sua mente focada se não quiser se perder — Respondeu o homem fino esticando-se novamente.

— Não se preocupe, sabemos andar por aqui e mesmo que anoiteça saberemos voltar para casa — respondeu Alda.

 

O homem se afastou voltando a sua postura, seu rosto estava sério, mas logo voltou a sorrir, logo depois da pergunta de Bette.

 

— O que você leva em sua mala?

— Felicidade e sabor — Expressando novamente um grande sorriso.

— O que quer dizer com isso?

— Perdão, creio que me expressei mal, aqui tenho um pequeno casal de pessoas, sim, são criaturas mágicas e adoráveis — Segurando a mala com as duas para que elas pudessem enxergar-lá melhor — Gostaria de vê-las dançar?

 

A curiosidade de Bette se aguçou rapidamente, e a minha também, como poderia caber pessoas em uma mala? Ele disse que são mágicas? Ele é humano? Nossa mãe, até o exato momento, não havia mencionado a existência de tais seres vagando por essa floresta, talvez devesse fingir interesse em seu assunto, assim poderemos nos ver livres dele, entretanto não poderia eu dar brecha para que ele pense que estamos à vontade com sua presença. As pessoas usam o mais educado e gentil sorriso, mas escondem sua verdadeira natureza, são monstros vestindo pele humana.

 

— Por favor nos mostre elas — Respondeu Bette antes que eu pudesse dizer algo.

— Sim, nos mostre por favor, mas peço que seja breve.

 

Ele se aproximou novamente abrindo sua mala, e ao abri-lá pudemos ver um Homem e uma Mulher, ambos pequeninos, estavam despidos e logo começaram a se levantar, e logo começaram a dançar, estavam dançando uma linda valsa, a música se instalava em nossa cabeça, mas não tinha música alguma, era apenas em nossas cabeças, isso seria magia? Talvez.

 

Fechando a mala de forma inesperada e disse:

— Novamente no fim, peço desculpas por ocupar o tempo de duas meninas lindas.

— Isso foi incrível — Respondemos em coro.

— Sim, sempre é fascinante.

— Você…

— Sabe meninas, devemos seguir nossos caminhos — Disse interrompendo Alda — Sigam o caminho de vocês, afinal irão seguir reto e eu irei dobrar para a esquerda logo a sua direita.

— Espero poder ver você novamente — Respondeu Bette enquanto acenava para ele.

— Tenho certeza que, de fato, irão me ver novamente — Retrucou o homem fino enquanto se afastava até sumir no meio das árvores.

 

Bette e eu ficamos paradas vendo ele se afastar, uma aparição sem nexo, sua presença era intimidadora, e o conteúdo de sua maleta era intrigante, não havia qualquer som externo, mas estava ouvindo ela plenamente em minha mente, na verdade ainda estou pensando nessa melodia, está soando como sinos na minha cabeça.

 

— Bette, você ouviu alguma música enquanto olhava para aquele casal que dançava.

— Sim, era uma música muito bonita, ela ficou na minha cabeça.

— Na minha também, vamos continuar o nosso caminho, a neblina está ficando densa por aqui.

 

Começamos a andar mais rápido pela trilha, está escurecendo ou é impressão minha? Depois de alguns minutos andando fiquei paralisada, talvez minha alma tenha deixado meu corpo por um breve momento, uma sensação de medo invadiu o meu corpo, ele estava lá novamente, parado com o sorriso no rosto, parecia que ele já estava nos aguardando

 

— Olá meninas.

 


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